segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Filme Taare Zameen Par ( Como Estrelas Na Terra-Toda Criança É Especial)

Sinopse


Taare Zameen Par ( Como Estrelas Na Terra-Toda Criança É Especial)
– filme da produção de Bollywood – conta a história de uma criança que sofre com dislexia e custa a ser compreendida. Ishaan Awasthi, de 9 anos, já repetiu uma vez o terceiro período (no sistema educacional indiano) e corre o risco de repetir de novo. As letras dançam em sua frente, como diz, e não consegue acompanhar as aulas nem focar sua atenção. Seu pai acredita apenas na hipótese de falta de disciplina e trata Ishaan com muita rudez e falta de sensibilidade. Após serem chamados na escola para falar com a diretora, o pai do garoto decide levá-lo a um internato, sem que a mãe possa dar opinião alguma. Tal atitude só faz regredir em Ishaan a vontade de aprender e de ser uma criança. Ele visivelmente entra em depressão, sentindo falta da mãe, do irmão mais velho, da vida… e a filosofia do internato é a de disciplinar cavalos selvagens. Inesperadamente, um professor substituto de artes entra em cena e logo percebe que algo de errado estava pairando sobre Ishaan. Não demorou para que o diagnóstico de dislexia ficasse claro para ele, o que o leva a por em prática um ambicioso plano de resgatar aquele garoto que havia perdido sua réstia de luz e vontade de viver. O filme é uma obra prima do até então ator e produtor Aamir Khan.


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TRAILER

Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial

Somos Todos Diferentes
(Taare Zameen Par,
 Índia, 2007)
Qual é o limite da vaidade humana?  Até onde estamos dispostos, de fato, a ajudar o próximo praticando uma individuação e não uma individualização? Qual a responsabilidade de pais, professores  e do Estado na formção do indivíduo?
Taare Zameen Par - filme indiano da produção de Bollywood  que conta a história de Ishaan Awasthi, um garotinho de oito anos de idade cheio de sonhos e de imaginação. As cores, os peixes de aquário, cães e pipas despertavam a atenção do menino e o transportavam para um mundo de fantasia alheio ao mundo dos adultos, o mundo do trabalho e da ordem, da competição e do capitalismo, do consumo e do perfeito.  Ocorre que enquanto Ishaan estava imerso neste universo, eis que sérios problemas vão se constituindo  no seu dia a dia, por não conseguir se encaixar aos ditos "padrões da normalidade". Sem ter a quem recorrer, o menino que apenas desejava ser compreendido, foi se afundando cada vez mais num abismo de culpa e de rejeição porque nem seus pais, ocupados com suas rotinas percebiam o que se passava, nem a escola que ao invés de investigar, passou a excluí-lo, reproduzindo desigualdades. E foi assim, num cenário de inúmeras situações vexatórias, castigos, evidência de Bullying e desinformação que, ao se sentir ameaçado, seu pai tratou logo de encaminhá-lo para um colégio interno onde a ordem era  “disciplinar cavalos selvagens”. A solidão, a incompreensão sobre si mesmo, a separação e o abandono, só fizeram com que seu estado piorasse ainda mais, até que um professor substituto de artes, entra em cena e tão logo percebe que algo de errado estava pairando sobre Ishaan, procura a família do garoto para conversarem sobre um possível quadro de dislexia, o que o leva a por em prática um ambicioso plano para resgatar aquele menino que havia perdido sua réstia de luz e vontade de viver. É neste contexto que se passa a belíssima história. Uma lição de amor, de comprometimento de um professor com seus alunos, em especial o garoto Ishan, que passa a ser respeitado por todos não como um deficiente, mas sim como uma criança que merece um ensino de qualidade,  assim como todo o alunado.
Mas especificamente, neste caso, o que é dislexia, como identificar e quais as medidas a serem adotadas? Assista um trecho do filme: 
Dislexia é uma palavra grega que quer dizer distúrbio de linguagem e tem como principais características dificuldades na leitura, escrita, soletramento de palavras e compreensão do que se lê. Apesar de não haver um consenso dos cientistas sobre as causas da dislexia, pesquisas recentes apontam fortes evidências neurológicas para a dislexia. Vários pesquisadores sugerem uma origem genética para a dislexia. Outro fator que vem sendo estudado é a exposição do feto a doses exageradas de testosterona, hormônio masculino, durante a sua formação in-útero no ramo de estudos da teratologia; nesse caso a maior incidência da dislexia em pessoas do sexo masculino seria explicada por abortos naturais de fetos do sexo feminino durante a gestação. Segundo essas teorias, a dislexia pode ser explicada por causas físico-químicas (genéticas ou hormonais) durante a concepçãoe a gestação, dando uma explicação sobre os motivos de haver, aproximadamente, 4 pessoas disléxicas do sexo masculino para 1 do sexo feminino. Segundo essa abordagem da dislexia, ela é uma condição que manifesta-se por toda a vida não havendo cura. Em alguns casos remédios e estratégias de compensação auxiliam os disléxicos a conviver e superar suas dificuldades com a linguagem escrita.
É um problema que quanto mais cedo for detectado, melhor. "Assim há a possibilidade de uma intervenção terapêutica e você pode ajudar a criança a se desenvolver melhor, sendo capaz de driblar as dificuldades e desenvolver novas habilidades que possam fazer com que ela não sofra tanto na escola ou em outras situações nas quais depende da leitura e escrita", indica o orientador educacional, fundador e membro da diretoria da ABD (Associação Brasileira de Dislexia), Mário Ângelo Braggio.
Como é uma dificuldade de aprendizagem perceptual, pode ser de natureza mais visual, auditiva ou mista. E, além disso, é dividida em três graus: leve, moderado e severo. Esses são rótulos que são atribuídos apenas pela necessidade de se dar um nome para aquilo que a pessoa tem. Mas quando se analisa cada caso, se vê que, além dessas características, também é necessário considerar a pessoa em si: história de vida, meio em que vive, ambiente do qual vem, oportunidades que teve, estímulo que recebe.

A professora do mestrado em Educação da
 Univali (Universidade do Vale do Itajaí) Elisabeth Caldeira explica que diferente das "dislexias desenvolvimentais", ou seja, aquelas ligadas a uma perturbação específica do reconhecimento visual das palavras - na ausência de qualquer atraso intelectual da criança -, as "dislexias adquiridas apresentam origem neuropsicológica.
O Papel do Professor
Como é uma síndrome geralmente detectada na infância, o papel do professor é muito importante, principalmente na fase da alfabetização. Perceber que está ocorrendo  algo errado com determinado aluno é essencial para evitar traumas futuros. Porém o que muitas vezes acontece é a falta de conhecimento sobre a dislexia que pode trazer avaliações distorcidas. Esse quadro de dificuldade de leitura não tem cura, e acompanha uma pessoa por toda a vida, do Ensino Fundamental até o Superior.

Nenhum professor precisa ser oftalmologista para notar que o estudante não está enxergando bem. O dia-a-dia da sala de aula mostra isso. O mesmo vale para a audição e outras deficiências, como a própria dislexia. O professor percebe que tal pessoa é inteligente, perspicaz, criativa, tem facilidade para fazer uma porção de coisas, no entanto, quando tem que ler, escrever ou entender o que leu, pronto, nem parece a mesma. Esses indícios são os mais significativos.

"Os professores e coordenadores pedagógicos têm que ter algum tipo de treinamento, alguma sensibilidade para detectar que é mesmo dislexia, para não falar que o aluno é folgado, vagabundo e não quer aprender", ressalta o professor de Leitura e Lingüística da UVA (Universidade Estadual Vale do Acaraú), Vicente Martins. "Ninguém enxerga aquilo que não conhece."  A dislexia, além de causar dificuldade na leitura e na escrita pode trazer problemas emocionais e sérias conseqüências para toda a vida. Portanto, é preciso muito cuidado para não rotular seus portadores.
Quando se fala em dislexia, existem dois componentes que devem ser levados em conta: ler e compreender o texto. Quem tem dificuldade de leitura, tem problemas em ler um texto em voz alta e, conseqüentemente, em compreendê-lo. Para quem chega à graduação e passa por uma enxurrada de textos que são necessários para a compreensão e resposta de uma série de questionamentos das diversas disciplinas da grade curricular, é importante que os professores dêem uma orientação e atenção especial.

Confira, no quadro abaixo algumas atitudes simples que os docentes podem ter em sala de aula para evitar a exclusão do aluno disléxico:
Pré-Escola, pré-alfabetização:
Dificuldades mais identificadas :
      1.        -Aquisição tardia da fala
2.        -Pronunciação constantemente errada de algumas sílabas
3.        -Crescimento lento do vocabulário
4.        -Problemas em seguir rotinas
5.        -Dificuldade em aprender cores, números e copiar seu próprio nome
6.        -Falta de habilidade para tarefas motoras finas (abotoar, amarrar sapato, ...)
7.        -Não conseguir narrar uma história conhecida em seqüência correta
8.        -Não memorizar nomes ou símbolos
9.        -Dificuldade em pegar uma bola
 Início do Ensino fundamental - Alfabetização
Dificuldades mais identificadas : 
  1. -fala
  2. -aprender o alfabeto
  3. -planejamento e execução motora de letras e números
  4. -preensão do lápis
  5. -motricidade fina e do esquema corporal.
  6. -separar e seqüenciar sons (ex: p – a – t – o ).
  7. -habilidades auditivas - rimas.
  8. -discriminar fonemas de sons semelhantes: t /d; - g / j; - p / b.,
  9. -diferenciação de letras com orientação espacial: d /b ;- d / p; - n /u; - m / u pequenas diferenças gráficas: e / a;- j / i;- n / m;- u /v.
  10. -orientação temporal (ontem – hoje – amanhã, dias da semana, meses do ano).
  11. -orientação espacial (lateralidade difusa, confunde a direita.
 Início do Ensino fundamental
Dificuldades mais identificadas : 
1.        -atraso na aquisição das competências da leitura e escrita. Leitura silábica, decifratória. Nível de leitura abaixo do esperado para sua série e idade.
2.        -soletração de palavras.
3.        -ler em voz alta diante da turma.
4.        -supressão de letras: cavalo /caalo;-. biblioteca/bioteca; - bolacha / boacha.
5.        -Repetição de sílabas: pássaro / passassaro; camada / camamada.
6.        -seqüência de letras em palavras Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras (ai-ia; per-pré; fla-fal; me-em).
7.        -Fragmentação incorreta: o menino joga bola - omeninojo gabola.
8.        -planejar, organizar e conseguir terminar as tarefas dentro do tempo.
9.        -enunciados de problemas matemáticos e figuras geométricas.
10.     -elaboração de textos escritos expressão através da escrita .
11.     -compreensão de piadas, provérbios e gírias.
12.     -seqüências como: meses do ano, dias da semana, alfabeto, tabuada. mapas.
13.     -copiar do quadro.
 Ensino Médio
Dificuldades mais identificadas: 
1.        Podem ter dificuldade em aprender outros idiomas.
2.        -Permanência da dificuldade em soletrar palavras mais complexas.
3.        -Dificuldade em planejar e fazer redações.
4.        -Dificuldade para reproduzir histórias.
5.        -Dificuldade nas habilidades de memória.
6.        -Dificuldade de entender conceitos abstratos.
7.        -Dificuldade de prestar atenção em detalhes ou, ao contrário, atenção demasiada a pequenos detalhes.
8.        -Vocabulário empobrecido.
9.        -Criação de subterfúgios para esconder sua dificuldade.
 Ensino Superior/ Universidade
Dificuldades mais identificadas: 
  1. -Horários (adiantam-se, chegam tarde ou esquecem).
  2. -Planejamento e organização e -letra cursiva.
  3. -Normalmente tem talentos espaciais (engenheiros, arquitetos, artistas).
  4. -Leitura vagarosa e com muitos erros e falta do hábito de leitura. 
Importante observar ainda pessoas adultas cujos sinais de dislexia não foram detectados na fase escolar. Memória imediata prejudicada; dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia); dificuldade com direita e esquerda; dificuldade em organização; aspectos afetivos emocionais prejudicados, trazendo como conseqüência depressão, ansiedade, baixa auto-estima e, algumas vezes, o ingresso para as drogas e o álcool, podem sinalizar tal condição.
O disléxico tem um ritmo diferente dos não-disléxicos. Portanto, evite submetê-lo a pressões de tempo ou competição com os colegas. É importante estimulá-lo a acreditar no seu potencial. Disléxicos podem se tornar profissionais competentes e levar uma vida saudável.
Agatha Christie, Einstein, Darwin, Franklin Roosevelt, Leonardo DaVinci, Michaelangelo, Robin Williams, Tom Cruise, VanGogh e Walt Disney. O que essas personalidades das mais diversas épocas têm em comum? Todos foram ou são portadoras de dislexia, síndrome que acomete de 10% a 15% da população mundial.

CONCLUSÃO
Considerando a Índia, um país culturalmente estruturado por influências orientais e ocidentais, um país cheio de crenças, superstições e rituais onde, por exemplo, a mulher só pode pronunciar o nome do marido no dia do casamento e, jamais, poderá chamar sua sogra pelo nome. Um lugar em que a moça (ou menina) não pode escolher seu pretendente, já que os casamentos são arranjados. Em uma sociedade em que as viúvas... Ah! Pobres viúvas que em nome da honra às almas dos maridos, até hoje sofrem o martírio do afastamento social, isso graças à extinção da prática do Sati (Sutee), costume antigo, que obrigava a viúva a ser queimada na pira, junto com o corpo do marido. Sem contar o fato mais absurdo, o fetocídio (retirada ou expulsão do feto, por “livre” vontade), que justifica a desproporcionalidade entre o número de meninos e meninas, fator este que aumentou consideravelmente após a utilização do exame de ultra-sonografia nas mulheres grávidas, que ao descobrirem o sexo do bebê com antecedência, quando do sexo feminino, a pedido dos pais, como se fosse um cancro, muitos médicos praticam o aborto seletivo, infringindo a lei (tal qual o trânsito da cidade). Nas camadas, que não podem pagar um obstetra, a criança (menina), na maioria das vezes, é jogada no Rio Ganges, logo após o nascimento, tudo isso por conta do prestígio ao nascimento do sexo masculino. Sendo uma tristeza para a linhagem o fato de ganhar só meninas (sem falar no tormento causado pela sogra), resultando num compartilhamento de esposas, já que a escassez de mulheres na população indiana está obrigando o irmão mais velho a compartilhar sua esposa com os mais novos e com os primos. Imaginem só, numa sociedade que, em qualquer um dos casos citados, a decisão é tomada pelo marido, sem que a mulher possa participar, pois sua subserviência a ele não permite contestação, quer queira ou não, terá que obedecer. Especificamente, em TZP, o que é a família ter tido a sorte de ter dois meninos, porém descobrir que um deles tem um problema que precisa ser escondido de uma sociedade marcada fortemente pela posição social. Tendo em vista tais considerações, não é difícil compreender o comportamento dos pais de Ishaan que, mesmo sofrendo não conseguiram superar este problema cultural, diretamente relacionado, mais a uma herança histórica, do que à vaidade e ao orgulho em si. Graças a esta difícil, porém necessária separação entre pais e filho é que um leque de possibilidades se abriu para o menino, já que diante das circunstâncias, nem mesmo o Estado providenciaria ajuda alguma. Não fosse o professor que com toda a sua prontidão e conhecimento de causa, fez a diferença no desfecho dessa história.
Daí a importância do profissional pesquisador e reflexivo, que por meio da capacitação e da informação consegue adotar a melhor conduta desde os casos mais simples aos mais complexos. Só assim é possível ofertar um ensino de qualidade para todo o alunado e combater a evasão escolar, fator este, que traduz perfeitamente à mensagem que o filme nos transmite sobre o papel dos pais e educadores na formação do indivíduo, quando Ram Nikumbhdiz:  "cuidar é abraçar, é estar próximo, é demonstrar o amor, é dizer que sempre estaremos ao lado de quem amamos haja o que houver. Isso é cuidar. Não deixe acontecer com Ishaan o que acontece com as árvores das Ilhas Salomão, que morrem após as pessoas ficarem gritando à sua volta".




Um comentário:

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